Artista: Mônica Larissa. 2017. Perfografia. V MMPMA.

A pesquisa que venho desenvolvendo no PPGArtes-UFC propõe uma investigação da prática da pesquisa perfográfica tendo como espaço laboratorial, o espaço urbano das cidades de Fortaleza e Russas, junto ao Coletivo ASCO (Fortaleza-CE), no que tange a processos de criação no âmbito do Teatro Performativo. Perfografia consiste em um exercício de errância urbana desenvolvido pelo Coletivo Parabelo (São Paulo-SP), que propõe os híbridos perfógrafo e perfografia através de um diálogo entre os conceitos de performer, concebido por Renato Cohen, e cartografia, proposto por Suely Rolnik. 

Desse modo estamos investigando a errância urbana como forma de ativar o chamado corpo vibrátil1, a fim de torná-lo sensível às linhas de força que configuram as cidades contemporâneas, fazendo emergir ações performáticas como linhas de fuga no cotidiano urbano. Por se configurar uma meta-pesquisa, a experiência perfográfica emerge como procedimento poético-metodológico, bem como, objeto de estudo e investigação. 

Assim, a perfografia em questão pretende criar múltiplas relações entre corpo e cidade através da prática da errância, e formas outras de ocupar e vivenciar a cidade. Além de investigar a experiência cartográfica e o estado de errância atrelado à vivência com o procedimento dos workshops, como potencializadores do corpo vibrátil, ativando as corpografias urbanas inscritas na corporalidades dos perfógrafos. E em um uma relação de contaminação com as cidades, criar espaços de tensionamentos políticos e microrresistências no tecido urbano. Pensar outra cidade intensa e viva nas brechas do espetáculo urbano pacificado, bem como, táticas de resistência pelas quais ocupa e se apropria de forma dissensual do espaço público urbano.

Esta perfografia está sendo engendrada em três momentos: Perambulações, Passagens e Percursos. No primeiro cada perfógrafo escolhe um espaço das cidades e propõe uma ação ou atividade para ser vivenciada em grupo. Já no segundo, a cada encontro uma pergunta será proposta aos perfógrafos, estes movidos pelo questionamento, sozinhos ou em grupo, irão percorrer um espaço das cidades de Fortaleza e Russas, previamente escolhido pelo coletivo, em estado de errância; e em relação com os fluxos e contrafluxos do espaço urbano irão criar suas performances, partindo de um roteiro de ação previamente construído. Em Percursos, iremos traçar um trajeto nas cidades, que será percorrido pelos perfógrafos à medida que estes irão executando os fragmentos cênicos criados a partir do material poético levantado em Passagens. 

Para a disciplina Ateliê de Criação IV venho propor uma Perambulação já vivenciada pelo Coletivo ASCO neste processo. Entregarei uma carta, a cada um, com algumas ações a serem desenvolvidas no centro da cidade de Fortaleza. A perambulação começará no Teatro José de Alencar e acontecerá em até 2h, a depender de cada um. Depois nos reencontraremos e conversaremos sobre a experiência individual de cada um, à medida que eu irei abrindo para grupo um pouco do processo criativo desenvolvido, até agora, pelo Coletivo ASCO.