Artista: Janaina Bento. 2017. Videodança. V MMPMA.
A obra apresenta uma coreografia criada colaborativamente por meio da leitura de desenhos que serão utilizados como sugestões de movimentos para composição dessa dança.
Esta proposição apresenta a criação de uma videodança que dará a ver uma coreografia criada colaborativamente por meio da leitura de desenhos que serão utilizados como sugestões de movimentos para composição dessa dança. A utilização de desenhos, como procedimento coreográfico, vem fazendo parte do meu processo criativo desde 2012. Os desenhos são esboços de movimento e também de ocupação espacial, são esquemas que vêm sendo utilizados para definir o fazer em cena. Para esta proposição, o que se deseja é que esses desenhos abram possibilidades de reinvenção, de atualização do que foi previamente pensado. A partitura criada pode tomar outro rumo na experimentação. É uma coreografia que possibilita fugas do plano de composição, por isso (e para isso) é importante a participação do outro nesse processo de criação. Quando se pensa em trabalho coreográfico na maioria das vezes o que vem à mente é a ideia de um trabalho com uma estrutura fixa, um trabalho rígido em sua forma de apresentação e que deve ser seguido do início ao fim, um trabalho que segue uma verticalização hierárquica, onde um impõe seu modo de pensar a dança para muitos. Dentro do pensamento contemporâneo de dança, prefiro tratar o trabalho coreográfico como um campo de possibilidades, possibilidades de escolher se quero um trabalho fechado ou um com estrutura móvel, maleável e também num trabalho onde não há apenas um proponente de movimentos, onde a coreografia seja criada por vários, ainda que uma pessoa possa sugerir movimentações. Pensando nessa maleabilidade é que venho propor essa criação coreográfica conjunta que tem como objetivos repensar a noção de coreografia e questionar o lugar do coreógrafo e da autoria. O processo de criação dessa videodança se dará em duas etapas: composição coreográfica e edição da videodança. Para a composição coreográfica, desenhos serão afixados nas paredes de uma sala de laboratório de corpo do Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará, junto com uma folha que explicará a proposta: dançar os desenhos; registrar a composição e enviar para o e-mail indicado. O processo de leitura e de envio dos registros coreográficos ocorrerá do dia 04 à 20 de outubro do corrente ano. A segunda etapa será a edição da videodança. Ainda que haja um processo de organização dos registros para a composição da videodança meu papel de coreógrafa respeitará a dramaturgia do movimento e dos elementos contidos nos vídeos. O coreógrafo como organizador de movimentos ou, como diz Helena Katz, um DJ dos movimentos são noções que me parecem interessantes. O que mais me interessa na dança é que as pessoas dancem junto com a obra. Os estudos sobre os trabalhos de Hélio Oiticica e Lygia Clark me fizeram repensar o lugar do coreógrafo e a abrir o processo de criação para outras pessoas de uma forma mais colaborativa que apreciativa. A coreografia aqui não seria de um, mas de todos os envolvidos. Coreógrafos seriam todos.