Artista: Raul Soares Girão. 2018. Fotografia/Texto. V.2 MMPMA.

O artista convidou um amigo para uma itinerância de olhos vendados pela cidade, que se desdobrou em fotografias, cartões-postais e relatos escritos.

Esta pesquisa, ainda em andamento, tem a intenção de investigar as possibilidades de apreensão do espaço urbano por meio dos sentidos do corpo, com ênfase no tato, lançando mão de uma análise-montagem da ação “Experiência em Corpografia #1”. Referindo-se aos modos com que produzimos cidade a partir da experiência corporal – engendrada pelo e no corpo – e, como a cidade, enquanto campo pulsante de forças e intensidades, também configura o corpo, em um processo de coimplicação, o conceito de corpografia é forjado por Jacques (2014) para pensar intervenções cotidianas, estéticas e artísticas incorporadas com o urbano. Movido por essas questões, convidei um amigo para uma itinerância de olhos vendados pela cidade, que se desdobrou em fotografias, cartões-postais e relatos escritos, e que constitui este estudo, inflamado por três problemas principais de investigação: a hegemonia da visão enquanto prática majoritária de apreensão da cidade (PALLASMAA, 2011); a importância do gesto de tatear na relação corpo-espaço (MONTAGU, 1988); e o processo de conhecer enquanto prática de invenção de si e do mundo (KASTRUP, 1999). A pesquisa tem como percurso metodológico o processo de montagem a fim de galgar as intensidades e temporalidades da ação e dos seus desdobramentos, buscando evidenciar mais intervalos, afetações e rastros do que significados.